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Thursday, May 25, 2017

Corrupção Epidêmica - Por D. Fernando Rifan

Corrupção Epidêmica        

Dom Fernando Arêas Rifan* 

erta vez, um rei perguntou aos seus ministros a causa de o dinheiro público não chegar ao seu destino como quando saiu da sua fonte. Um ministro mais velho, sentado na outra cabeceira da mesa, tomou uma grande pedra de gelo e pediu que a passassem de mão em mão até o Rei. Quando a pedra lá chegou estava bem menor. O ministro então disse: é essa a explicação: “passa por muitas mãos e sempre deixa alguma coisa”. 

A corrupção é considerada pela ONU o crime mais dispendioso de todos, causa de muitos outros. A corrupção propicia a ocupação de cargos por pessoas indignas, manobras políticas, compra de votos, licitações desonestas, o desvio, a malversação e o desperdício do dinheiro público, a impunidade, o tráfico de drogas, a sua veiculação nos presídios etc.

“Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. O ouro abateu a muitos... Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula... Quem é esse homem para que o felicitemos? Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito está reservada uma glória eterna:... ele podia fazer o mal e não o fez” (Eclo 31, 5-10). São palavras de Deus para todos nós.

Ao ler o título desse artigo, pensa-se logo nos políticos. Mas há muita gente, fora da política, que se enquadra nesse título: quantos exploradores da coisa pública, quantos sugadores do Estado, que não são políticos! Aí se enquadram todos os profissionais ou amadores que se corrompem pelo dinheiro. Quem vota por dinheiro é corrupto. Quem vota apenas por emprego próprio é corrupto. Quem corre atrás dos políticos para conseguir benesses espúrias é corrupto. 

O Papa Francisco tem insistido sobre a diferença entre pecado e corrupção, entre o pecador e o corrupto. Pecadores somos todos nós, mas corrupto é aquele que perdeu a noção do bem e do mal. Já não tem mais o senso do pecado. Os corruptos fazem de si mesmos o único bem, o único sentido; negando-se a reconhecer a Deus, o sumo Bem, fazem para si um Deus especial: são Deus eles mesmos. O Papa lembrou que São Pedro foi pecador, mas não corrupto, ao passo que Judas, de pecador avarento, acabou na corrupção. “Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção. Pecadores sim, corruptos, não.” (Homilia, 4/6/2013).

A Igreja proclamou padroeiro dos Governantes e dos Políticos São Tomás More, “o homem que não vendeu sua alma”, exatamente porque soube ser coerente com os princípios morais e cristãos até ao martírio. Advogado, Lorde Chanceler do Reino da Inglaterra, preferiu perder o cargo com todas as suas regalias e a própria vida a trair sua consciência. Possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos políticos, atuais e futuros, e a todos nós, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida.

Que Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos, que hoje celebramos, interceda pelo nosso Brasil para que Deus o livre desse grande mal da corrupção.


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/


Um pouco sobre São Tomás More



A igreja celebra a sua memória no dia 22 de junho. São Tomás More é pouco conhecido entre nós. O papa João Paulo II, no ano 2000, o declarou Patrono dos governantes e políticos. Tomás More nasceu em Londres, na Inglaterra, no ano de 1478. Seus pais eram cristãos e educaram os filhos no seguimento de Cristo. Ele foi canonizado em 1935.

Naquele tempo havia conflitos entre o Rei Henrique VIII e o Papa Clemente VII. O rei, que já era casado com Catarina de Aragão, queria que o papa anulasse seu casamento para casar-se com a cortesã Ana Bolena. Tomás More era chanceler e conselheiro do rei. Mas, acima de tudo, era um homem que sabia nortear sua vida à luz da ética e dos valores cristãos. Por discordar-se da situação, foi acusado de alta traição. Após um controverso julgamento foi condenado à morte por decapitação. Duas semanas antes, pelo mesmo motivo, já havia sido decapitado o bispo Dom João Fisher. O rei usou o Parlamento inglês, que se curvou diante dele e publicou o Ato de Supremacia, que proclamava o rei e seus sucessores como chefes temporais da Igreja da Inglaterra. Foi o início da Igreja anglicana.

Em tempos como o nosso, quando boa parte dos “representantes do povo” gozam de pouca reputação e credibilidade, é bom trazer à tona a memória de um homem, que se tornou santo no exercício da vida pública, por não concordar com os desmandos do rei.

Tomas More deve ser lembrado como o guardião de todos os parlamentares. Mas, não sabemos se, atualmente, ele teria os mesmos dissabores que teve em seu tempo. É provável que hoje ele fosse vitimado, novamente, pelo poder corrupto que, contraditoriamente, deu lhe a morte, mas, ofereceu-lhe também, a oportunidade de se tornar santo.

Tomás More é autor de diversos livros como: “Utopia”, e “O Diálogo do conforto contra as tribulações”; livro que escreveu durante os quinze meses em que esteve na prisão.

Por: Padre Geraldo Gabriel
Diocese de Divinópolis.


Área de anexos

Friday, May 05, 2017

Se conhecesses o dom de Deus - D. Fernando Rifan





Dom Fernando Arêas Rifan*


Está acontecendo em Aparecida a 55ª Assembleia Geral Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na qual estou presente com os outros irmãos no episcopado, demonstrando a nossa comunhão eclesial efetiva e afetiva, tratando dos assuntos mais importantes para a Igreja no Brasil. 


Peço as orações de todos, pois é interesse de todos que os seus pastores os guiem bem.

A natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta Apostólica Apostolos suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II, que considera “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza da Igreja... Assim como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.

Durante a Assembleia, os Bispos celebram a Santa Missa, rezam em comum o Ofício Divino, fazem retiro espiritual e tratam de assuntos importantes e necessários à vida da Igreja. A Assembleia desse ano, entre muitos outros assuntos, tem como tema central “a iniciação à vida cristã no processo formativo do discípulo missionário de Jesus Cristo”. Procuramos aprender com o próprio Jesus Cristo à luz do ícone da Samaritana (Jo 4, 1-25.39-42), usando seu admirável modo de abordar e conquistar as pessoas para o Reino.


Ao ver os problemas e dificuldades no seio da Igreja, muitos poderão ficar escandalizados. Acontece que, por graça de Deus, pertencemos a essa grande família que é a Igreja. Como toda família, a Igreja, divino-humana, tem também seus problemas, devidos à sua parte humana. Jesus disse que o “Reino de Deus” aqui na terra, a Igreja, é semelhante a uma rede, com peixes bons e maus, a um campo com trigo e joio. A depuração será só no fim do mundo. Quem quiser uma Igreja só de santos deve esperar o fim do mundo ou ir para o céu.

Essa noção de família é muito importante na eclesiologia. A Igreja é algo objetivo, fundada por Nosso Senhor sobre os Bispos, segundo a sucessão apostólica. A Igreja não é um grupo de amigos. “Na Igreja, eu não procuro meus amigos, eu encontro meus irmãos e minhas irmãs; e os irmãos e as irmãs não se procuram, se encontram. Esta situação de não arbitrariedade da Igreja na qual eu me encontro, que não é uma igreja da minha escolha, mas a Igreja que se me apresenta, é um princípio muito importante. Isto não é minha escolha, como se eu fosse com tal grupo de amigos ou com outro; eu estou na Igreja comum, com os pobres, com os ricos, com as pessoas simpáticas e não simpáticas, com os intelectuais e os analfabetos; eu estou na Igreja que me precede” (Ratzinger,Autour de la Question Liturgique, Fontgombault, 24/7/2001).

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

O Bom Pastor - Por S.Exa Dom Fernando Rifan - 26 de Abril de 2017


Dom Fernando Arêas Rifan*

Em sua mensagem “Urbi et Orbi” pela Páscoa deste ano, o Papa Francisco nos exorta: “Hoje, em todo o mundo, a Igreja renova o anúncio maravilhoso dos primeiros discípulos: Jesus ressuscitou!’ – ‘Ressuscitou verdadeiramente, como havia predito!’ A antiga festa de Páscoa, memorial da libertação do povo hebreu da escravidão, alcança aqui o seu cumprimento: Jesus Cristo, com a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e da morte e abriu-nos a passagem para a vida eterna”.

“Todos nós, quando nos deixamos dominar pelo pecado, perdemos o caminho certo e vagamos como ovelhas perdidas. Mas o próprio Deus, o nosso Pastor, veio procurar-nos e, para nos salvar, abaixou-Se até à humilhação da cruz. E hoje podemos proclamar: ‘Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas e Se entregou à morte pelo seu rebanho. Aleluia!’ Através dos tempos, o Pastor ressuscitado não Se cansa de nos procurar, a nós seus irmãos extraviados nos desertos do mundo. E, com os sinais da Paixão – as feridas do seu amor misericordioso –, atrai-nos ao seu caminho, o caminho da vida. Também hoje Ele toma sobre os seus ombros muitos dos nossos irmãos e irmãs oprimidos pelo mal nas suas mais variadas formas. O Pastor ressuscitado vai à procura de quem se extraviou nos labirintos da solidão e da marginalização; vai ao seu encontro através de irmãos e irmãs que sabem aproximar-se com respeito e ternura e fazer sentir àquelas pessoas a voz d’Ele, uma voz nunca esquecida, que as chama à amizade com Deus”.

“Cuida de quantos são vítimas de escravidões antigas e novas: trabalhos desumanos, tráficos ilícitos, exploração e discriminação, dependências graves. Cuida das crianças e adolescentes que se veem privados da sua vida despreocupada para ser explorados; e de quem tem o coração ferido pelas violências que sofre dentro das paredes da própria casa...”.
“Nas vicissitudes complexas e por vezes dramáticas dos povos, que o Senhor ressuscitado guie os passos de quem procura a justiça e a paz; e dê aos responsáveis das nações a coragem de evitar a propagação dos conflitos e deter o tráfico das armas”.

“Concretamente nos tempos que correm, sustente os esforços de quantos trabalham ativamente para levar alívio e conforto à população civil na Síria, a amada e martirizada Síria, vítima duma guerra que não cessa de semear horrores e morte. Ontem mesmo teve lugar o último ataque vergonhoso aos refugiados em fuga, que deixou numerosos mortos e feridos. Conceda paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra Santa, bem como ao Iraque e ao Iémen...”.

“... Que seja possível construir pontes de diálogo, perseverando na luta contra o flagelo da corrupção e na busca de soluções pacíficas viáveis para as controvérsias, para o progresso e a consolidação das instituições democráticas, no pleno respeito pelo estado de direito”...

“Ele, que venceu as trevas do pecado e da morte, conceda paz aos nossos dias”. 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney